segunda-feira, 16 de maio de 2011
'Marcha das vadias': o movimento anti-estupro que ganha adeptos e se multiplica, agora em São Paulo
A SlutWalk, a "marcha das vadias" surgiu como um protesto em resposta ao comentário de um policial canadense que orientou universitários dizendo: "Se a mulher não se vestir como uma vadia, reduz-se o risco de ela sofrer um estupro".
A história começa quando Jaclyn Friedman foi violentada por colegas na faculdade em uma festa, mas nunca chegou a dar queixa, pois muita gente dizia que ela a culpada pelo ocorrido, pelo fato de estar na festa, por estar bebendo, por se vestir diferente do convencional, isso tudo, segundo Jaclyn fez com que ela desistisse.
Os agressores, inicialmente foram expulsos da faculdade, mas acabaram readmitidos e impunes, diz ela. O episódio, que aconteceu há quase duas décadas e marcou a vida da escritora e ativista feminista, pois hoje Jaclyn Friedman é um membro fundador da CounterQuo, e o editor de Meios Sim Sim: Visões do Feminino poder sexual e um mundo sem estupro jaclyn.
O movimento que começou em Toronto, rapidamente se expandiu para outras dez cidades dos EUA e do Canadá, com perspectivas de chegar a mais 40 cidades americanas e 19 outras pelo mundo. Nova York, Houston, Londres, Johannesburgo e Buenos Aires estão no roteiro para reivindicar o significado da palavra "slut" (traduzível como "puta" ou "vadia", mas que na origem era "mulher desordeira").
Jaclyn Friedman
No último sábado, Jaclyn foi uma das oradoras da SlutWalk, a "marcha das vadias", que reuniu 2.000 pessoas em Boston. Aos 39 anos, sutiã à mostra e tatuagem com a descrição "corajosa", ela disse em seu pronunciamento: "Porque nós vivemos um mundo de mentiras, sempre ouviremos que devemos ser obedientes, discretas, disponíveis e nunca agressivas -se o formos, viramos putas e, essa palavra é usada para nos pôr na linha".
Na verdade esse movimento abre a discussão para uma questão mundial, aquilo que os organizadores chamam de "cultura de estupro": considerar o estupro um crime menor ou provocado pela própria vítima (quase sempre mulher, mas às vezes, homem). Essa visão equivocadamente machista está presente em comentários como os de Paulo Maluf ("estupra, mas não mata") e do comediante Rafinha Bastos (sobre mulheres feias que deveriam agradecer pelo estupro) traduzem o raciocínio.
Na marcha majoritariamente feminina, moças carregavam frases como "meu vestido não significa sim". Uma participante tinha um cartaz dizendo ter sido estuprada aos 12 anos. "Estava usando agasalho largo e pantufas. Sou uma puta?"
Fonte: A partir do texto jornalistico de
LUCIANA COELHO
Fotos: reprodução
No Brasil, "vadias" marcham em São Paulo
Inspiradas na "Slut Walk" canadense, termo similar em inglês, cerca de 300 mulheres se reuniram na tarde deste sábado (04/06), na avenida Paulista, em São Paulo, para a primeira edição da "Marcha das Vadias" brasileira. A passeata seguiu no sentido Consolação e chegou a fechar parte do tráfego na Paulista.
A maioria das participantes do protesto eram mulheres jovens, com pouca roupa apesar da temperatura em declínio, com muita disposição e gritando palavras de ordem, as brasileiras aproveitaram para se queixar da maneira com que são tratadas nas ruas, principalmente quando saem vestidas mais à vontade.
Solange De-Ré, uma das idealizadoras da marcha brasileira, diz que entrou em contato com as organizadoras da marcha canadense antes de lançar a ideia na Internet.
"Elas receberam muito bem a nossa proposta e estamos aqui para mostrar que temos direito de andar à vontade sem sermos agredidas". Ela diz que assistir o notíciário vespertino dá uma ideia do problema. "É só ligar a televisão para ver o quanto as mulheres são agredidas. E isso com a complacência da sociedade", afirmou ela.
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