quarta-feira, 25 de maio de 2011
Enquanto se discute o novo Código Florestal, mais defensores da floresta são assassinados no Pará
Enquanto se discutia o novo Código Florestal, mais dois defensores das florestas são assassinados nesta terça-feira na comunidade de Maçaranduba, a 50 quilômetros do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Trata-se do casal Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, nativos da região e líderes integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização não governamental (ONG) fundada por Chico Mendes.
O Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta-Piranheira situado à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí, compreende uma área de 22 mil hectares, onde aproximadamente 500 famílias garantem a renda familiar com a extração de óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu e outras frutas típicas da região.
Ambos eram militantes ativos dentro do mencionado projeto desde sua criação, em 1997, e segundo o diretor Regional Belém do CNS, Atanagildo Matos, o casal já havia sido ameaçado diversas vezes por terem feito inúmeras denúncias na Polícia Federal, no Ministério Público e em órgãos como o Ibama e o Incra sobre as irregularidades ambientais cometidas na região, como extração ilegal de madeira, contrariando interesses e motivando diversas inimizades.
Maria e José Cláudio morreram quando deixavam o Assentamento onde moravam, em uma moto, ao passarem por uma ponte foram vitimas de uma emboscada. No entanto, segundo a CNS, as ameaças contra a vida do casal de extrativistas começaram por volta de 2008. De acordo com familiares, desconhecidos rondavam a casa de Maria e José Cláudio, geralmente à noite, disparando tiros para o alto e contra animais da propriedade do casal.
O CNS já formalizou um pedido para que a Polícia Federal investigue o assassinato e, a presidente Dilma Rousseff determinou que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mobilize a Polícia Federal para investigar a morte, que está sendo comparada à da missionária Dorothy Stang, assassinada há seis anos em Anapu (PA).
Como Chico Mendes, José Cláudio já sabia que estava marcado para morrer, desde que começou a denunciar o desmatamento e a extração ilegal de madeira na região. Como tantos outros, mais uma vez tombam aqueles e aquelas que insistem em defender a floresta, esperemos agora, que não fique na impunidade.
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