"Toda história tem três lados: o meu, o seu e os fatos." ( Foster Russel)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Jornal britânico analisa legado deixado por Lula


O programa brasileiro de melhoria econômica que capitalizou o boom de commodities (matérias-primas) corre o risco de perder força diante da alta do endividamento dos consumidores e da falta de investimentos, afirma o jornal britânico Financial Times (FT). Em artigo de página interna na edição de hoje, o diário diz que o Brasil encara uma nova realidade, em meio aos limites do lulismo, e volta a apontar preocupações com o superaquecimento e uma potencial bolha de crédito.

Segundo o diário, o governo de Lula foi marcado por uma combinação de benefícios sociais, generosos aumentos do salário mínimo, acesso mais fácil ao crédito e um controle estável da economia. Essa estratégia, endossada pela chegada de 33 milhões de pessoas à classe média em seus oito anos de governo, levou o lulismo a ser alardeado como uma solução para os problemas da América Latina, uma região marcada pela desigualdade entre as classes sociais.

Porém, esse mesmo modelo parece estar chegando ao limite, de acordo com o FT. Da mesma forma que China e Índia, o Brasil cresceu na última década e se tornou uma potência. "Mas, assim como a China e a Índia estão começando a mostrar as pressões do rápido crescimento econômico, o Brasil também dá sinais de superaquecimento."

Segundo a publicação britânica, comentaristas acreditam que o modelo criado por Lula corre o risco de se transformar em uma "bolha de crédito". Recentemente, o investidor Paul Marshall, da Marshall Wace, voltou a publicar artigo no próprio FT levantando temor sobre o excesso de endividamento dos brasileiros.

Outros pontos apontados são a alta da inflação e da moeda brasileira, que acumula valorização de 46% nos últimos dois anos. Além disso, o jornal avalia que o Brasil "gasta mais do que arrecada e investe pouco".

O Financial Times acredita que o governo Lula construiu a base para a expansão da classe média ao lançar o Bolsa Família e elevar consideravelmente o salário mínimo. Também "aproveitou a boa sorte" ao se tornar um forte parceiro da China e exportar commodities para o gigante asiático, o que ajudou a economia brasileira a sair forte da crise financeira mundial.

Apesar dos problemas apontados agora, a publicação diz que "ninguém questiona o recorde de sucessos do presidente Lula". Segundo o jornal, tais conquistas resultaram de decisões como indicar "tecnocratas para o comando do Banco Central" e garantir que o Ministério da Fazenda mantivesse a estabilidade econômica. "O homem que não tinha nem mesmo educação primária conseguiu atingir resultados que poucos de seus predecessores foram capazes", diz o FT.

fonte: www.ae.com.br/

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