"Toda história tem três lados: o meu, o seu e os fatos." ( Foster Russel)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sobre a vitória de Cristina Kirshner


Cristina, como é popularmente conhecida na Argentina, foi reeleita para um novo mandato de quatro anos com 53,96% dos votos, seguida por Binner com 16,87%, após 98,25% das urnas apuradas na segunda-feira. Trata-se de uma vitória esmagadora desenhada desde o seu triunfo nas eleições primárias, o que a consolida como líder política e a habilita para um novo mandato de quatro anos a frente da presidência da Argentina.

O favoritismo de Cristina Kirchner não impediu que segmentos podres da imprensa brasileira publicassem artigos discriminatórios e torpes demonstrando desrespeito ao sentimento prévio e pela vontade de escolha do povo argentino. A imprensa daqui a chamou de “caudilhesca”, vinda de “uma província obscura”. No entanto, Cristina que ignora e menospreza o PiG, venceu de “lavada” sem dar a mínima importância para o lado sujo da imprensa de lá e, muito menos para o PiG brasileiro.

Após a divulgação oficial das prévias confirmando a vantagem da presidenta, a Praça De Maio foi o cenário da festa e do apoio para a presidenta reeleita. Cristina apareceu em público e, em um discurso emotivo, convocou a unidade nacional e agradeceu aos 40 milhões de argentinos e a todos os partidos políticos que participaram nas eleições do domingo (23).

Com a vitória, o governo de Cristina passará a ter 116 cadeiras, mais outras 17 de aliados na Câmara baixa, enquanto a social-democrata União Cívica Radical (UCR), segunda força parlamentar, contará com 41 legisladores, segundo os cálculos provisórios. Já no Senado, ela terá 32 cadeiras mais outras seis de aliados, enquanto a UCR terá 17 espaços. Nos dois casos, a presidenta terá facilidade para apresentar e aprovar seus projetos.

O fato de Cristina Kirchner e Hermes Binner terem somado 70% dos votos argentinos confirma ainda, a evidência da consolidação da centro-esquerda no cenário sul-americano. Uma espécie de sepulcro para os tempos do neoliberalismo desenfreado. A rede ideológica que unifica os governos de esquerda e centro-esquerda na América do Sul passa pelo Uruguai, Peru, Argentina, Paraguai e Brasil, somada aos governos de uma esquerda mais dura no Equador, Bolívia e Venezuela.

Sejamos justos, foi show de bola tornar-se a primeira mulher do continente a conseguir uma reeleição presidencial, obtendo o maior percentual de votos desde o retorno da democracia argentina. Além disso, foi satisfatório calar a boca da velha mídia que emprega mecanismos ideológicos obscuros, com os quais tentam passar seus interesses particulares como se fossem os interesses gerais da população de um País.

O Globo publicou que Cristina Kirchner se elegeria por aquilo que, chamou de “feel good factor“, isto é, a sensação de bem-estar dos argentinos com seu governo. De certa forma haveria verdade na afirmação, desde que reformulada e acrescida da palavra consciência, o correto então seria: a sensação de consciência plena de bem-estar dos argentinos com relação ao seu governo.

Um exemplo dessa consciência é o voto de D. Silvia, postado por Fernando Brito/Sitio do Brizola Neto


A argentina Silvia Susana Sosa, de 50 anos, mãe de quatro filhos, disse que votou na presidente Cristina Kirchner porque quer a “continuidade” da gestão que começou em 2003 quando o ex-presidente Nestor Kirchner assumiu a Presidência.

Cristina foi reeleita na Argentina no domingo para mais um mandato de quatro anos.

“Com eles (os Kirchner) eu pude comprar um terreno para construir, pela primeira vez, uma casa para mim e para meus filhos. Eu tenho dois empregos. Trabalho numa casa de família e faço limpeza no hospital Rivadavia, aqui da capital”, disse Silvia.

Os filhos mais velhos, gêmeos de 23 anos, também votaram pela reeleição da presidente.

“Os dois também estão trabalhando e é por isso que votaram nela”, disse.

Ela afirmou que ficou desempregada na histórica crise de 2001 e 2002, pouco antes da posse de Kirchner.

“Na crise, meus patrões ficaram com o dinheiro preso no banco (numa espécie de congelamento dos depósitos) e não tinham como me pagar. Fiquei sem trabalho naquela época. Agora não”, disse.

Ela afirmou lamentar que a mãe, de 78 anos, tenha morrido antes da medida lançada pelo atual governo que incluiu na cobertura da previdência estatal aquelas pessoas que não trabalharam com carteira assinada.

“Já pensou, ela estaria muito feliz com esta medida social do governo”, diz.

Segundo Silvia, que é da província de Santiago del Estero, mas atualmente mora em Buenos Aires, ela, a mãe e os filhos quase passaram fome na crise de 2001.

“Ninguém queria assumir a Presidência porque o país estava quebrado. Mas veio o Kirchner, as coisas melhoraram e agora surgiram vários candidatos da oposição. Estava claro que iam perder”, disse.

Ela afirmou ainda que graças ao acesso ao crédito já comprou eletrodomésticos para a casa que está construindo.

E a inflação?

“Existe inflação sim. Mas ela é culpa dos empresários que aumentam os preços porque querem prejudicar o governo”, respondeu.

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