Uma orgia de violência varreu Bagdad. Em atentados sucessivos ao longo de uma quinta-feira sangrenta morreram mais de 65 pessoas e o número de feridos ultrapassa meio milhar.
Dias antes, o presidente Barack Obama, para assinalar a saída das últimas tropas de combate norte-americanas, afirmou, num discurso triunfalista que os EUA tinham cumprido a missão a que se tinham proposto. Retiravam-se sublinhou - de um país « pacificado, estável, democrático».
Mentiu duplamente. Após oito anos de uma guerra que o arruinou e fez mais de 120 000 mortos civis, permanecem no Iraque milhares de mercenários. E a trágica jornada de quinta-feira confirmou a existência de conflitos religiosos e tribais que se agravaram com a ocupação do país.
A explosão de violência foi provocada pelo mandato de captura do vice-presidente sunita Tarik Hachemi, acusado de corrupto e terrorista pelo presidente Nuri al Malik, a marionete de Washington.
Ficou transparente a fragilidade da «pacificação».
O general Petraeus conseguira reduzir ao mínimo na capital o número de atentados ao reforçar a guarnição de Bagdad com 30000 soldados, com a aprovação de Obama. Simultaneamente, comprou destacados líderes tribais da minoria sunita e formou uma milícia armada que lançou contra os chiitas de Moktada Sadr.
Retirados os norte-americanos, foi suficiente que Malik exigisse a entrega do vice sunita aos dirigentes do Curdistão, onde Hachemi se encontrava, para que estalasse o verniz da falsa pacificação.
O caos implantou-se em Bagdad onde a insegurança é uma realidade. As coisas voltaram ali à estaca zero, de após o derrube pela aliança EUA – Reino Unido do regime do partido Ba’ath sob o presidente Saddam Hussein.
Até os grandes media dos EUA e da União Europeia reconhecem que a imagem de Barack Obama foi muito embaciada pelos acontecimentos do Iraque.
A mascara da pax iraquiana, inventada pelo Presidente, desfez-se em estilhaços.
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