Depois de meses de pressão para que entrasse na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o ex-governador José Serra (PSDB) reuniu o seu grupo de aliados mais próximos e informou em tom solene que não será candidato na eleição municipal deste ano.
Deu no Estadão:
Embora, em se tratando do que Serra diz, a única verdade que se pode afirmar conter no que fala é a de que é falsa cada palavra, talvez se possa comparar sua atitude com a do capitão italiano do Costa Concórdia, o transatlântico naufragado nas costas da Itália.
Não importa que Alckmin e Aécio esfreguem as mãos diante da possibilidade de que ele, candidato, perca e afunde. A nau tucana aderna em São Paulo, seu porto seguro, Kassab procura desesperadamente um colete salva-vidas petista, reina a confusão a bordo do Tucanic.
E o capitão do Tucanic, embora estropiado depois de ter apanhado de um “poste” – não é, Montenegro? – diz que vai descer à terra para apreciar o naufrágio sem molhar os pés. Entrega a Alckmin o supremo comando e diz: “carregue seu candidato”.
Infelizmente, Fernando Henrique Cardoso não tem a estatura moral daquele capitão da guarda costeira italiana e não pode dar um grito: Vadda a bordo, catzo!
Alckmin, reinando sobre os destroços, dirá que que os salvados do naufrágio são só seus.
E a elite paulista, tão orgulhosa e soberba com os pobres, irá negociar os despojos com Minas, numa antítese de Borba Gato e Raposo Tavares.
Parte dela, é claro, porque a São Paulo que sabe ler no seu brasão o latim “non ducor, duco”, o “não sou conduzido,conduzo”, não se afogará como o tucanato. Mesmo que seja num cruzeiro de luxo.
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